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Day trade ou buy and hold? Qual a melhor estratégia de investimento na Bolsa?

As abordagens e estratégias oferecidas pelo mercado financeiro estão cada vez mais amplas e diversificadas. No mesmo ritmo em que se multiplicam as opções de investimento, fazer a escolha certa também se torna um desafio cada vez maior. No palco da Bolsa de Valores, dois personagens com características bastante distintas disputam os holofotes: o day trade, frenético e audacioso, e o buy and hold, paciente e resoluto.

Ambos prometem retornos, mas dançam ao som de ritmos opostos. Se, por um lado, o day trade promete ganhos rápidos, por meio de operações que se iniciam e se encerram no mesmo dia, por outro, o buy and hold sugere uma visão de longo prazo, mantendo investimentos por anos ou até décadas.

No Brasil, onde a B3 registrou uma receita de R$ 10,6 bilhões em 2024 e atraiu 5 milhões de investidores pessoas físicas, segundo dados da própria Bolsa, a escolha entre essas estratégias tornou-se um dilema quase filosófico. O preço de uma decisão equivocada pode ser alto, já que ela irá influenciar diretamente não apenas o sucesso financeiro do investidor, mas também sua paz de espírito.

Mas, afinal, qual delas é a melhor? A resposta depende do seu perfil de investidor, seus objetivos financeiros e seu nível de conhecimento sobre o mercado.

Neste artigo, exploramos as nuances de cada abordagem, seus prós e contras e o que elas revelam sobre o investidor por trás da tela.

O Que é Day Trade?

O day trade é a aposta no agora. Consiste em comprar e vender ativos – ações, opções, contratos futuros – no mesmo dia, aproveitando oscilações de preço que duram minutos ou horas. O objetivo é lucrar com pequenas variações de preço em curtos períodos. Aqui é o território dos gráficos em tempo real, das análises técnicas afiadas e dos nervos de aço. Um trader pode, por exemplo, comprar 1.000 ações da Vale a R$ 60 às 10h e vendê-las a R$ 61 às 11h, embolsando R$ 1.000 em duas horas. Ou perder outro tanto se o mercado virar.

No Brasil, o day trade ganhou fôlego com a popularização das plataformas digitais e a queda dos juros, empurrando investidores para a renda variável. Segundo a CVM (2023), o volume de operações diárias na B3 subiu 18% em dois anos. Mas essa febre tem um preço: exige dedicação quase integral, tolerância ao risco e uma curva de aprendizado íngreme. É como jogar xadrez em alta velocidade – cada lance importa, e não há tempo para hesitar.

Principais características do day trade:

– Operações de curtíssimo prazo (compra e venda no mesmo dia)
– Necessidade de alto conhecimento técnico e controle emocional
– Uso de análise gráfica e indicadores técnicos
– Alavancagem financeira para aumentar os ganhos
– Alta volatilidade e risco elevado

Vantagens do day trade

Focado em operações de curtíssimo prazo, o day trade é uma abordagem arriscada, mas oferece vantagens que podem atrair investidores que desejam alta liquidez e ganhos rápidos.

Potencial de ganhos rápidos

Diferente do buy and hold, que exige paciência para colher os frutos ao longo de anos, o day trade possibilita lucros imediatos ao aproveitar pequenas oscilações do mercado. Com a estratégia certa e um bom gerenciamento de risco, os traders podem multiplicar seu capital rapidamente.

– Aproveitamento de qualquer tendência do mercado

No day trade, é possível ganhar tanto na alta quanto na queda do mercado. Isso porque os traders podem operar comprado (apostando na valorização) ou vendido (apostando na desvalorização). Essa flexibilidade permite lucrar mesmo em cenários de crise econômica ou de quedas da bolsa.

– Liquidez diária e rápida recuperação de capital

Como todas as operações são encerradas no mesmo dia, o capital não fica preso a ativos de longo prazo. Isso permite que o trader tenha liquidez diária e possa reinvestir seus lucros rapidamente em novas oportunidades de mercado.

– Alavancagem para multiplicar os resultados

Uma das grandes vantagens do day trade é a possibilidade de operar com alavancagem, ou seja, movimentar valores muito maiores do que o capital disponível. Algumas corretoras permitem que traders operem até 20 vezes o valor que possuem em conta, o que aumenta o potencial de ganhos – embora também amplifique os riscos.

– Independência geográfica e horários flexíveis

O day trade pode ser operado de qualquer lugar com acesso à internet, permitindo que o trader trabalhe de casa, de coworkings ou até viajando. Além disso, os traders têm flexibilidade para escolher em quais dias operar e sem a obrigação de manter investimentos a longo prazo.

– Proteção contra crises de longo prazo

Enquanto investidores de buy and hold podem ver seu patrimônio se desvalorizar durante crises prolongadas, os traders podem continuar operando e lucrando, independentemente do cenário econômico. A capacidade de se ajustar rapidamente às mudanças do mercado torna o day trade uma alternativa válida em momentos de instabilidade.

– Desenvolvimento de habilidades analíticas e técnicas

O day trade exige conhecimento profundo de análise técnica, gráficos e padrões de mercado. Ao desenvolver essas habilidades, o trader se torna mais independente na tomada de decisões financeiras e pode aplicar esse conhecimento em outras formas de investimento.

Buy and Hold: o poder da espera

Entre as estratégias de investimento mais populares para quem busca crescimento a longo prazo, o buy and hold é a antítese do frenesi. A estratégia consiste basicamente em comprar ações de empresas sólidas e segurá-las por anos, ignorando as oscilações de curto prazo. O mantra é simples: invista em valor, espere o crescimento e colha os frutos – sejam eles dividendos ou a valorização. Aqui podemos imaginar um investidor que comprou ações da Ambev em 2010 por R$ 10 e hoje as vê a R$ 15, com um retorno acumulado de 50%, mais os proventos anuais.

Inspirado por gigantes como Warren Buffett, o buy and hold aposta na paciência e na crença de que o mercado, no longo prazo, recompensa os fundamentos. No Brasil, onde empresas como Itaú e Petrobras pagaram R$ 120 bilhões em dividendos em 2023 (B3), essa estratégia seduz quem busca renda passiva e estabilidade. Mas exige disciplina: segurar um ativo em queda, como durante a pandemia de 2020, desafia a confiança de qualquer um.

Principais características do buy and hold:

– Investimento de longo prazo (anos ou décadas)
– Foco na análise fundamentalista das empresas
– Menos impacto emocional com a volatilidade diária
– Possibilidade de receber dividendos
– Menos necessidade de monitoramento diário

Vantagens do buy and hold

O buy and hold é uma estratégia voltada a investidores que buscam crescimento sustentável do patrimônio e menos exposição ao estresse do mercado de curto prazo. Entre suas principais vantagens, destacam-se:

– Menos tempo dedicado ao mercado

Diferente do day trade, que exige acompanhamento constante dos preços e gráficos, o buy and hold permite que o investidor mantenha seus ativos sem precisar monitorar o mercado diariamente. Isso torna a estratégia ideal para quem deseja investir sem comprometer seu tempo com operações diárias.

Redução de custos com corretagem e impostos

Como o buy and hold envolve menos transações, os investidores economizam em taxas de corretagem e em impostos sobre ganhos de capital. No Brasil, por exemplo, ações mantidas por mais de um mês e vendidas abaixo de R$ 20 mil no total estão isentas do Imposto de Renda sobre o lucro, o que representa uma vantagem significativa em relação a estratégias de curto prazo.

– Benefício dos juros compostos

Uma das grandes forças do buy and hold está no poder dos juros compostos. Ao reinvestir os dividendos e manter os ativos por longos períodos, o investidor permite que seu patrimônio cresça exponencialmente ao longo do tempo. Esse efeito multiplicador é uma das razões pelas quais grandes investidores, como Warren Buffett, acumulam fortunas ao longo das décadas.

– Recebimento de dividendos

Empresas bem estabelecidas costumam distribuir lucros aos acionistas por meio de dividendos. Investidores de buy and hold podem criar uma renda passiva por meio desses pagamentos periódicos, o que é especialmente vantajoso para quem busca independência financeira no longo prazo.

– Menos impacto emocional com a volatilidade do mercado

O investidor de buy and hold não precisa se preocupar com as oscilações diárias da bolsa, pois sua estratégia é baseada no crescimento da empresa ao longo dos anos. Enquanto traders de curto prazo podem ser afetados pelo estresse das flutuações repentinas, quem investe no longo prazo tem mais tranquilidade para esperar os retornos.

– Acompanhamento de tendências econômicas e setoriais

Como o buy and hold foca na análise fundamentalista, o investidor pode direcionar seus recursos para setores com grande potencial de crescimento. Isso permite que ele aproveite tendências econômicas duradouras, como o avanço da tecnologia ou a transição para energias renováveis, maximizando suas chances de valorização dos ativos.

– Possibilidade de herança e construção de patrimônio

Diferente do day trade, onde os lucros (ou perdas) são realizados rapidamente, o buy and hold possibilita a construção de patrimônio geracional. Isso significa que os investimentos podem ser passados para filhos e netos, criando uma fonte de renda e estabilidade financeira para futuras gerações.

Comparando os mundos: prós e contras

Cada estratégia tem suas luzes e sombras. O day trade brilha pela agilidade: lucros rápidos são possíveis, e a alavancagem (usar margem pra operar mais do que o capital disponível) pode multiplicar ganhos – um retorno de 5% num dia vira 50% com alavancagem de 10x. Mas o custo é alto: 80% dos day traders perdem dinheiro no primeiro ano, segundo estudos globais, por erros de timing ou ansiedade. Além disso, taxas de corretagem e impostos (20% sobre lucros) corroem os resultados.

O buy and hold, por sua vez, oferece consistência. O Ibovespa, apesar das montanhas-russas, subiu de 50 mil pontos em 2010 pra 130 mil em 2025 – quem segurou a onda lucrou. Dividendos são outro trunfo: uma ação como a Taesa rendeu 8% ao ano em proventos, superando a Selic atual de 10,5%. Mas há riscos: empresas podem falir, e o retorno exige anos – um teste de paciência em que nem todos passam.

O que define a escolha?

A escolha entre day trade e buy and hold não é apenas técnica. Ela depende do perfil e dos objetivos de cada investidor.

O day trade é ideal para quem tem tempo disponível, procura ganhos rápidos e, principalmente, para quem gosta de adrenalina, aceita o risco como parceiro e encara o mercado como um jogo diário.

Ele exige uma dedicação de horas diárias, familiaridade com ferramentas específicas (plataformas como MetaTrader, por exemplo) e estômago para perdas. Já o buy and hold é para quem prefere plantar hoje, regar com disciplina e esperar a colheita. Exige menos tempo (uma análise mensal basta), e mais paciência .

No contexto brasileiro, o perfil importa ainda mais. Nossa Bolsa é volátil – o Ibovespa caiu 15% em 2022 e subiu 22% em 2023. Enquanto o day trader precisa saber surfar essas ondas; o buy and holder precisa ter sangue-frio para ignorá-las. Pergunte-se: você suporta ver R$ 10 mil virarem R$ 5 mil em um dia? Ou prefere dormir tranquilo enquanto os juros compostos trabalham para você? A resposta revelará a estratégia mais adequada para o seu perfil.

Estatisticamente, a maioria dos traders perde dinheiro no longo prazo, enquanto o buy and hold já provou ser uma estratégia vencedora para grandes investidores, como Warren Buffett. No entanto, não existe uma única resposta exata – o ideal é entender os riscos e vantagens de cada abordagem antes de tomar uma decisão.

Seja qual for a sua escolha, educação financeira e disciplina são essenciais para ter sucesso na bolsa de valores.

O contexto brasileiro: oportunidades e armadilhas

O cenário local dá tempero extra ao debate. O day trade se beneficia da liquidez da B3 – ações como Petrobras e Vale têm milhões de negócios diários, perfeitas para entradas e saídas rápidas. Mas a instabilidade (inflação, política) amplifica os riscos: uma notícia às 14h pode derrubar o mercado às 14h05. Já o buy and hold brilha em setores resilientes – bancos e energia, por exemplo, resistem a crises e pagam dividendos gordos. Só que a espera pode ser longa num país de ciclos imprevisíveis.

Dados da CVM (2023) mostram que 60% dos novos investidores na Bolsa têm menos de 35 anos – muitos seduzidos pelo day trade via influencers e promessas de “dinheiro fácil”. Enquanto isso, veteranos seguem firmes com o buy and hold, apostando em gigantes testadas pelo tempo.

O papel da tecnologia

Como em todas as áreas, a tecnologia está redesenhando esse jogo. No day trade, algoritmos e inteligência artificial já guiam trades em milissegundos, mas o emocional humano segue sendo o calcanhar de Aquiles.

Já no buy and hold, ETFs (fundos de índice) simplificam a diversificação – o BOVA11, que replica o Ibovespa, cresceu 25% em adesão em 2024. Ambas as estratégias evoluem, mas o dilema permanece o mesmo: velocidade ou paciência? – eis a questão.

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