Avalie os riscos geopolíticos aos seus investimentos

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Quando um mandatário espaçoso como Vladimir Putin decide tomar territórios de sua vizinha Ucrânia, provocando previsíveis reações locais e mundo a fora, até o investidor novato pressente que, de alguma forma, o caso poderá afetar os mercados financeiros globais, mexendo mesmo com suas aplicações, modestas que sejam.

Algo parecido acontece, de modo até mais evidente, quando um voluntarioso Donald Trump resolve baixar um tarifaço generalizado contra outros países – e com peso preferencial sobre o Brasil, como forma de conter alegadas perseguições contra seu admirador Jair Bolsonaro. Mais do que previsíveis, são imediatos os efeitos no mercado financeiro brasileiro, assim como de outros países afetados, direta ou indiretamente, pelo tarifaço.

Episódios como esses são exemplos dos possíveis efeitos dos chamados fatores geopolíticos nos mercados financeiros, mesmo em países distantes ou aparentemente alheios aos fatos descritos.

Mas os riscos geopolíticos nem sempre são avaliados na medida certa por investidores, até porque muitas vezes são efeitos indiretos de episódios como conflitos distantes ou também distantes desastres naturais como tempestades, terremotos ou furacões.

Neste artigo, a MGC Holding avalia como decisões políticas remotas e acontecimentos internacionais podem afetar o bolso do investidor.

O que é geopolítica e por que ela influencia o mercado?

A geopolítica estuda como os países se relacionam em termos de poder, território, comércio e influência internacional. Esses fatores moldam os fluxos de capitais e impactam diretamente os investidores.

Por exemplo:


  • – Um conflito em uma região produtora de petróleo pode elevar o preço do barril e afetar desde o custo do transporte até ações de companhias aéreas.

  • – Um acordo comercial entre grandes economias pode beneficiar empresas exportadoras e impulsionar a valorização de suas ações.

Ou seja, mesmo que um evento ocorra longe do Brasil, ele pode alterar a rentabilidade da sua carteira.

Guerras, disputas diplomáticas, mudanças em tratados internacionais e novos acordos comerciais têm reflexo imediato no valor das moedas, no preço das commodities e na confiança do mercado, e entender essa relação é fundamental para quem busca proteger e rentabilizar seus investimentos.

Reação óbvia: fuga de capitais

De modo geral, os riscos geopolíticos influenciam os mercados financeiros globais de várias maneiras, a começar pela fuga de capitais de regiões afetadas, aumentando a volatilidade do mercado.

Tensões geopolíticas frequentemente levam a restrições comerciais e sanções econômicas, perturbando as cadeias de suprimentos e afetando os fluxos de comércio globais. A disputa comercial entre EUA e China, por exemplo, mostra como conflitos geopolíticos podem criar incertezas e impactar globalmente o desempenho do mercado de ações.

Riscos geopolíticos geralmente causam flutuações nos preços das commodities, especialmente das produzidas nos países envolvidos. Conflitos e tensões no Oriente Médio podem causar grande volatilidade nos preços do petróleo, que por sua vez contamina os mercados de ações.

O perigo das falsas impressões

Um dos principais impactos dos riscos geopolíticos em uma carteira de investimentos é a cadeia de efeitos indiretos. A percepção errada de que um evento distante não afetará uma determinada aplicação cria uma falsa sensação de segurança.

No entanto, conflitos, terrorismo e instabilidade política afetam sensivelmente o mercado de ações, na medida em que introduzem incertezas que perturbam o ânimo dos investidores e a estabilidade econômica.

Isso ocorre não só com episódios de alto impacto, mas também com aqueles que mal são percebidos pelos investidores, até por não terem uma correlação clara com suas aplicações.

Exemplo: tensões políticas na Indonésia ou na República Democrática do Congo poderiam afetar o valor das ações da Apple ou da Samsung? Surpreendentemente a resposta é sim.

Ao acompanhar com atenção os acontecimentos, locais ou pelo mundo, você começa a fazer as perguntas certas, em linha com os seus objetivos no planejamento de seus investimentos.

Estratégias para o investidor diante da incerteza geopolítica

Embora não seja possível prever todos os desdobramentos dos acontecimentos internacionais, o investidor pode adotar medidas para reduzir riscos e até aproveitar oportunidades. Confira as principais:

1. Diversifique a carteira

A diversificação é uma das formas mais eficazes de proteger seus investimentos diante das incertezas geopolíticas. Em vez de concentrar recursos em um único setor, país ou ativo, o investidor deve distribuir o capital em diferentes classes e regiões, reduzindo a exposição a riscos específicos.

Por exemplo, um conflito em uma região produtora de petróleo pode derrubar ações de companhias aéreas, mas ao mesmo tempo valorizar empresas de energia ou fundos ligados a commodities. Da mesma forma, tensões comerciais entre grandes potências podem prejudicar exportadoras brasileiras de aço, mas favorecer setores agrícolas.

Diversificar significa:

Combinar diferentes classes de ativos: renda fixa, ações, fundos imobiliários, commodities, câmbio e até criptoativos, de acordo com o perfil de risco.

Olhar para mercados internacionais: alocar parte do portfólio em ativos globais, reduzindo a dependência da economia local.

  • Explorar setores distintos: tecnologia, saúde, energia, consumo e infraestrutura, equilibrando riscos e oportunidades.

Em resumo, ao espalhar os investimentos em diferentes “cestas”, o investidor reduz a vulnerabilidade diante de eventos imprevistos. Isso não elimina os impactos da geopolítica, mas possibilita que perdas em um segmento possam ser compensadas por ganhos em outros.

2. Considere ativos internacionais

Incluir no portfólio ativos internacionais pode ser uma estratégia valiosa para diluir riscos dos mercados locais. Fundos globais, ETFs (fundos de índice) e até investimentos atrelados ao dólar funcionam como uma proteção natural contra oscilações no Brasil.

Investir fora também abre portas para setores que ainda são pouco representados no mercado nacional, como tecnologia de ponta, saúde global e energia renovável. Isso amplia as oportunidades e contribui para uma carteira equilibrada e resiliente.

3. Monitore commodities

As commodities são altamente sensíveis a fatores geopolíticos. O preço do petróleo, do minério de ferro, da soja ou do ouro pode mudar rapidamente diante de guerras, sanções ou acordos comerciais excludentes.

O investidor que acompanha esses movimentos consegue ajustar sua carteira a tempo, seja para aproveitar oportunidades de valorização, seja para se proteger de quedas bruscas. Além disso, algumas commodities funcionam como ativos de proteção: o ouro, por exemplo, é tradicionalmente visto como um “porto seguro” em tempos de incerteza.

4. Invista com visão de longo prazo

Oscilações de curto prazo são praticamente inevitáveis em momentos de instabilidade geopolítica. Manter o foco em objetivos de longo prazo ajuda o investidor a atravessar períodos turbulentos sem decisões precipitadas.

Estratégias sólidas, baseadas em fundamentos e no perfil de risco, tendem a gerar resultados consistentes ao longo do tempo. A paciência, aliada à disciplina de seguir um plano de investimentos bem definido, é um diferencial em meio à volatilidade.

5. Acompanhe as notícias globais

Informação é ferramenta essencial para decisões financeiras inteligentes. Acompanhar com atenção os acontecimentos — tanto locais quanto internacionais — permite identificar tendências, riscos emergentes e possíveis oportunidades.

Além de acompanhar notícias em tempo real, é recomendável analisar relatórios de mercado, previsões de organismos internacionais e estudos de instituições financeiras. Assim, o investidor começa a fazer as perguntas certas, alinhando suas decisões ao planejamento financeiro e aos seus objetivos de investimento.

A MGC Holding

Somos o maior player independente do mercado brasileiro de créditos inadimplidos de consumo e os únicos a atuar em duas frentes de reestruturação da saúde financeira: a de empresas e a de consumidores.